A conversa com os alunos do secundário, e também com alguns participantes adultos, decorreu num ambiente descontraído e de grande interacção. «Preocupem-se com aquilo que podem ser e não com aquilo que podem ter», aconselhou Gonçalo Cadilhe, viajante profissional há 20 anos. A mensagem que trazia para os mais jovens era a de que a riqueza não é só material – é também cultural e sentimental. «Os adolescentes precisam de alguém que lhes transmita valores, que lhes mostre uma outra forma de vida», salientou Manuela Inácio, professora de Português e uma das responsáveis pela organização deste encontro. «O objectivo passa sempre também por incutir-lhes o gosto pela leitura», acrescentou.
Gonçalo Cadilhe
«Perguntar como é que surgiu o gosto pela escrita e pelas viagens é como perguntar como surgiu o gosto pela vida. Não surgiu, está cá dentro», começa por explicar Gonçalo Cadilhe. Nascido em 1968, na Figueira da Foz, este escritor português recebeu o primeiro dinheiro para viajar no 3º ano do curso de Gestão de Empresas quando participou num concurso literário e venceu. Mas porquê escolher um curso de economia se escrever era o seu forte? «Não sabia aquilo que queria, fiz como a maioria dos jovens dessa idade quando tem de escolher uma área de formação: fechei os olhos e apontei o dedo para qualquer coisa», clarifica. Antes de viver exclusivamente da escrita de viagens trabalhava em todas as profissões que surgem a um viajante: vindimas em França, empregado de mesa em Itália, responsável por reservas hoteleiras nos Alpes Dolomites, entre tantas outras. Mas a partir de 1996 começa a trabalhar somente como escritor. «É importante salientar a época em que comecei a fazer isto – não havia ninguém em Portugal que o fizesse. Hoje todos os jornais e revist