segunda-feira, 27 de abril de 2009

Fundação S. Francisco de Assis faz funerais para animais de estimação

O corpo é velado, chorado e cremado, como se de um funeral humano se tratasse, mas as cinzas, que são depois cuidadosamente depositadas numa pequena caixa, pertencem a um animal de estimação.
Na Fundação São Francisco de Assis, no Zambujeiro, freguesia de Alcabideche, fazem-se cremações individuais de animais de companhia, especialmente cães e gatos, mas também há quem procure este serviço quando morre o papagaio, o periquito ou o coelho doméstico.
“É como se fosse o funeral de uma pessoa”, afirma Maria João Pulido, coordenadora de bem-estar animal da instituição, apoiada pela Câmara Municipal de Cascais.
Tudo se passa numa instalação própria, dotada de câmara frigorífica para conservar os corpos até à cremação, a penúltima etapa antes de ser entregue aos donos a urna a que depois darão o destino que escolherem.
Há quem deite as cinzas ao mar, coloque num vaso com uma planta ou enterre no jardim, no local preferido do animal para “levantar a patinha”, mas também há quem não saiba o que fazer.
Daí que o director-geral da fundação, Tomás Castelo Branco, esteja a pensar criar um pequeno cemitério, onde possam ser depositadas as caixinhas e colocadas as respectivas lápides.
Até o processo estar concluído, é muitas vezes doloroso o “último adeus” ao animal.
“Qualquer pessoa que queira fazer o funeral do seu animal não o fará de ânimo leve. Há sempre uma carga emocional muito grande. É como se morresse um ente querido. É a mesma coisa”, diz Maria João.
Na sala dos velórios, que antecede a câmara de cremação, vivem-se autênticos dramas, acendem-se velas e fazem-se orações a São Francisco se os donos forem católicos. O mesmo espaço também já acolheu um culto hindu.
“A pessoa chega aqui, faz o seu adeus, o seu culto, seja católico ou não”, refere.
No final, ao contrário dos cadáveres dos animais mal acondicionados, as cinzas não representam perigo para a saúde pública.
“São ossos completamente calcinados que nada trazem, enquanto os corpos enterrados ou, como se fazia e às vezes ainda se faz, deixados nos contentores do lixo, isso sim é um perigo público”, adverte.
O serviço de cremação custa 190 euros, uma receita considerada fundamental para financiar o trabalho da fundação na recuperação de animais: são 200 bocas para alimentar e vacinar, além de outros cuidados veterinários sempre necessários.
No ano passado, a fundação cremou 2.591 animais: 815 enviados pelos serviços do veterinário municipal de Cascais e 1.776 entregues directamente.
Entre 2001 e 2008, realizava também cremações colectivas, mas o forno que existia foi desactivado e adquirido outro, ecológico, sem fumos ou cheiros, mas de menor dimensão.