A Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com a Fundação Paula Rego/Casa das Histórias apresenta em Paris uma exposição da consagrada artista britânica Paula Rego, nascida em Lisboa em 1935. Helena de Freitas (diretora da Casa das Histórias Paula rego)é a curadora da mostra parisiense que irá estar patente na delegação francesa da Fondação Calouste Gulbenkian a partir de 26 janeiro até 1 abril 2012.
Paula Rego, Anjo, 1998. |
Nota bibliográfica da artista:
A artista, que trabalha sobre a memória de um tempo de infância vivido em Portugal, teve a sua formação artística em Londres, cidade onde vive. Reunindo um conjunto de trabalhos desenvolvidos entre 1988 e 2010, período de total maturidade da artista, a exposição não assume qualquer propósito retrospetivo, e centra-se na escolha das séries temáticas que mais contribuíram para seu reconhecimento internacional. Com uma seleção de pinturas, desenhos e gravuras, num discurso narrativo onde se cruzam outras disciplinas artísticas, como a literatura, o cinema, ou o teatro, e a pluralidades das suas fontes, eruditas e populares, Paula Rego apresenta-se como uma artista figurativa que domina os instrumentos técnicos e os recursos estilísticos dos grandes mestres, para desenvolver uma linguagem plástica que age sobre o seu tempo, que perturba ou comove, que interpela o espetador e o transforma. As séries sobre o Aborto (Untitled) (1998) ou a Mulher Cão (1994) são exemplos de uma vigorosa ação sobre as consciências e os comportamentos, onde as mulheres surgem inesperadamente representadas com uma aura de vitalidade, determinação e poder. Os temas atravessam muitas das complexas áreas das relações humanas, o lado obscuro e emocional da sua natureza e a ambiguidade da sua ação, filtrados por uma consciência feminina e interventiva. Dir-se-á que é uma voz incondicionalmente feminina, mas acima de tudo é a sua voz, o seu ponto de vista, único e inconfundível. Em 1998 a artista pintou um Anjo, guardião e vingador, figura feminina que transporta uma espada e uma esponja, símbolos da Paixão. É à sua volta que se representa o drama humano e o escrutínio impiedoso das suas emoções.