quarta-feira, 29 de julho de 2009

Farol Santa Marta sopra duas velas


Assinalando o seu segundo aniversário, o Farol Museu de Santa Marta apresentou ontem o seu roteiro/guide-book.
Mais de três séculos nos separam da construção do Forte de Santa Marta, erguido nos primeiros anos após a Restauração da Independência, em 1640, no âmbito de um extenso plano de defesa da barra do Tejo levado a cabo pelo Conde de Cantanhede, governador da Praça de Cascais de então. Três séculos de acontecimentos, histórias e memórias que constroem o “espírito e a arquitectura do lugar”, sucintamente relatados neste roteiro bilingue que, mais do que um guia de visita constitui um suporte de informação abrangente sobre o Farol Museu de Santa Marta.
O Forte de Santa Marta, que à semelhança de todas as outras fortificações da época foi alvo de diversas campanhas de obras e de restauro, manteve a sua vocação militar até meados do século XIX, altura em que passou a ser utilizado como posto de sinalização marítima. Em 1864, a Inspecção dos Faróis do Reino determinou a construção de uma torre quadrangular de nove metros no local. As obras foram concluídas em finais de 1867 e o novo farol inaugurado no dia 1 de Março de 1868, reforçando, desse modo, o papel até então desempenhado pelo Farol da Guia, na sinalização e iluminação desse eixo da costa. Em 1936, a torre foi sobrelevada para 17 metros.
A par da construção da torre do farol, foi também necessário adaptar as estruturas do antigo forte às suas novas funções, com vista a acolher o faroleiro e seus familiares, embora o traçado geral não tenha sido substancialmente alterado. Reconhecendo a sua relevância patrimonial, o conjunto foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 29 de Setembro de 1977.
Com a integração do Farol de Santa Marta na rede de faróis automatizados da barra do Tejo, no início da década de 80 do século XX, a existência de um corpo de faroleiros residentes tornou-se desnecessária. Desocupado desde essa época, o edifício rapidamente começou a apresentar sinais de degradação, o que motivou a assinatura de um protocolo entre o Estado-Maior da Armada e a Câmara Municipal de Cascais, em Fevereiro de 2000, para a sua recuperação, musealização e gestão conjunta. Este documento foi actualizado e revisto em 22 de Março de 2006, ano do arranque do projecto de reabilitação da autoria dos arquitectos Francisco e Manuel Aires de Mateus, com programa museológico e museográfico de Joaquim Boiça.
A recuperação deste conjunto patrimonial envolveu ainda a realização de duas campanhas de escavações arqueológicas e de intervenções de conservação e restauro do revestimento azulejar do farol, que complementam a informação disponibilizada neste roteiro.