Muitas referências se fazem nestes dias aos mais variados “Carnavais” pelo nosso país.
Apesar de algumas localidades portuguesas apresentarem uma tradição carnavalesca mais viva do que outras, a verdade é que não há vila nem aldeia que não festeje a chegada do Entrudo, com mais ou menos entusiasmo e alegria.
Em Cascais, a tradição já não é o que era, é certo, mas mesmo assim Janes, uma pequena localidade do interior do concelho, faz questão de manter viva alguns dos seus costumes.
Há 25 anos que a população de Janes se reúne para construir, ensaiar, costurar, treinar e ensaiar. Um trabalho que dura meses mas que, quando chegado o Carnaval, é compensado!
São cinco dias garantidos de festa sem parar, bailaricos, corsos, desfiles e concursos de dança.
Quem o garante é Hélder Gonçalves, membro da direcção da Sociedade de Instrução e Recreio de Janes e Malveira. O Jornal Correio de Cascais assistiu, no passado sábado, a mais um dia de preparativos.
“Está tudo muito branco. Só agora começamos a ter percepção de como vão ficar os carros”, explica o responsável, adiantando haver ainda “muito trabalho pela frente”.
Sem querer ainda desvendar muito do que vai ser este ano o Entrudo, até para não estragar o factor surpresa, Hélder Gonçalves revela que o corso – que sai à rua no domingo e na terça-feira – é alusivo “cinema”.
“O tema surge normalmente em conversas e é discutido por todos. Depois acertam-se alguns pormenores como o número de carros e grupos que temos”, realça.
Assim sendo, este ano, vão estar em destaque: o “Carro dos Reis”, com cavalos-marinhos e com vários grupos de crianças a acompanhar no carro da pequena sereia; o “Carro da Múmia”, com uma pirâmide a destruir-se e com várias múmias a acompanhar, em que no final, haverá algumas surpresas; o “Carro Star Trek”, com uma nave muito própria e que vai ter o nome e as cores do magalhães, conduzida pelo primeiro-ministro, em cima de uma base, a que apelidaram de “BPN: Base Portuguesa de Negociatas”; e, por último, o “Carro da Aldeia do Astérix”.
Segundo explica Hélder Gonçalves, “este último carro ainda não está completamente concluído. Ainda falta colocar colmo por cima da casa, o leitão assado e o poço. A acompanhar este carro segue um outro mais pequeno com uma catapulta, cheio de romanos”
A crítica à sociedade está sempre presente mas isso é assunto para ficar para mais tarde. Afinal não se pode revelar tudo!
Mas lá deixa escapar mais alguns pormenores. “Teremos ainda pequenos carros a acompanhar o corso, ursinhos carinhosos a andar de um lado para o outro e ainda outras brincadeiras pelo meio”.
Os preparativos do Carnaval têm início muito antes. “Começamos a trabalhar em meados de Dezembro, sempre com uma média diária de sete a oito pessoas. Depois ao fim-de-semana é que se junta muito mais gente”.
Para a população esta é uma festa que inclui mais de duas centenas de pessoas, entre personagens e figurantes, de todas as idades. “É um trabalho que envolve muito voluntariado. Felizmente, as pessoas aqui são muito unidas. Ainda vivemos um pouco como uma aldeia que se ajuda e trabalha com um objectivo comum – animar o Carnaval”, realça Hélder Gonçalves.
E se nos anos anteriores, os desfiles têm corrido bem, o mesmo se espera para este ano. Todos esperam que S. Pedro se lembre de Janes e traga bom tempo. “É bom que esteja bom tempo porque depois de tanto trabalho séria frustrante”.
Mas a folia não fica por aqui. O programa promete ser bastante animado. Durante cinco dias, há baile com o conjunto “Ténis Bar” na sede da colectividade.