segunda-feira, 23 de maio de 2011

Dia do Autor Português com Gonçalo Cadilhe

A Escola Secundária Frei Gonçalo Azevedo promoveu um encontro com o escritor Gonçalo Cadilhe, na Biblioteca Municipal de Cascais, São Domingos de Rana, no âmbito das comemorações do Dia do Autor Português, que se celebra a 22 de Maio.


A conversa com os alunos do secundário, e também com alguns participantes adultos, decorreu num ambiente descontraído e de grande interacção. «Preocupem-se com aquilo que podem ser e não com aquilo que podem ter», aconselhou Gonçalo Cadilhe, viajante profissional há 20 anos. A mensagem que trazia para os mais jovens era a de que a riqueza não é só material – é também cultural e sentimental. «Os adolescentes precisam de alguém que lhes transmita valores, que lhes mostre uma outra forma de vida», salientou Manuela Inácio, professora de Português e uma das responsáveis pela organização deste encontro. «O objectivo passa sempre também por incutir-lhes o gosto pela leitura», acrescentou.


Gonçalo Cadilhe
«Perguntar como é que surgiu o gosto pela escrita e pelas viagens é como perguntar como surgiu o gosto pela vida. Não surgiu, está cá dentro», começa por explicar Gonçalo Cadilhe. Nascido em 1968, na Figueira da Foz, este escritor português recebeu o primeiro dinheiro para viajar no 3º ano do curso de Gestão de Empresas quando participou num concurso literário e venceu. Mas porquê escolher um curso de economia se escrever era o seu forte? «Não sabia aquilo que queria, fiz como a maioria dos jovens dessa idade quando tem de escolher uma área de formação: fechei os olhos e apontei o dedo para qualquer coisa», clarifica. Antes de viver exclusivamente da escrita de viagens trabalhava em todas as profissões que surgem a um viajante: vindimas em França, empregado de mesa em Itália, responsável por reservas hoteleiras nos Alpes Dolomites, entre tantas outras. Mas a partir de 1996 começa a trabalhar somente como escritor. «É importante salientar a época em que comecei a fazer isto – não havia ninguém em Portugal que o fizesse. Hoje todos os jornais e revistas têm uma coluna sobre viagens. Alguém que queira começar tem de ser muito original e talentoso», afirma Gonçalo Cadilhe. Depois de ter dado a volta ao mundo sem transporte aéreo durante 19 meses, ter feito uma travessia terrestre desde o extremo sul ao extremo norte do continente africano durante oito meses, percorrido os lugares por onde passou Fernão de Magalhães, neste momento, o escritor continua a trabalhar no projecto que celebra os 500 anos do nascimento de Fernão Mendes Pinto. «Dentro de poucos dias vou para o Oriente completar as pontas soltas desta história. O meu próximo projecto ainda está a acontecer», conclui.