terça-feira, 3 de março de 2009

Administração da Euronadel e trabalhadores dispensados chegam a acordo

A administração da fábrica de agulhas Euronadel, cujo encerramento foi anunciado em Janeiro, revelou esta terça-feira que chegou a acordo com as três comissões representativas dos 182 trabalhadores dispensados, após um processo de negociação “muito pacífico”.
A 28 de Janeiro, o grupo alemão Groz-Beckert divulgou o fecho “definitivo” da unidade da Abóboda e justificou a decisão com a “deterioração de diversos factores do mercado global, em particular da indústria têxtil” – da qual a fábrica dependia totalmente – e com a consequente necessidade de reduzir a “sobrecapacidade produtiva”.
Na ocasião, a empresa manifestou a sua “intenção” de atribuir indemnizações “superiores ao exigido por lei”, uma pretensão que foi cumprida na maioria dos casos e que permitiu concluir na segunda-feira as negociações com o Sindicato dos Metalúrgicos (representante de grande parte dos trabalhadores), o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins e uma comissão de funcionários não sindicalizados.
“A administração da Euronadel e as três comissões representativas dos trabalhadores chegaram a um acordo, nos termos do qual a empresa irá disponibilizar compensações aos seus trabalhadores que, em média, correspondem ao dobro da compensação legalmente estabelecida”, refere um comunicado da Groz-Beckert.
Fonte do grupo acrescentou à Lusa que o processo envolveu várias reuniões, sempre com representantes das três partes, e foi “muito pacífico e normal”.
Francisco Alves, do Sindicato dos Metalúrgicos, confirmou a tranquilidade das conversações e adiantou que pelo menos 99 trabalhadores vão receber indemnizações iguais ou superiores ao dobro do que é exigido por lei, mas lembrou que teria sido preferível manter os postos de trabalho e a produção de agulhas na Abóboda.
“A empresa, desde há oito ou nove anos, começou a mandar máquinas para a República Checa ou para a Índia, deslocalizou a produção. Este foi o culminar de uma deslocalização aproveitando a crise em termos mundiais, um puro encerramento por razões de mercado”, disse à Lusa o responsável, acrescentando que a empresa assumiu “os comportamentos das multinacionais” enquanto o Governo “paralisou”.
“Os ministérios da Economia e do Trabalho não mexeram rigorosamente nada para manter os postos de trabalho, que era a nossa grande preocupação”, lamentou.
Na semana passada, também o grupo parlamentar de Os Verdes entregou na Assembleia da República um pedido de esclarecimentos, dirigido aos dois ministérios, sobre um encerramento que considera planeado e injustificado e o futuro dos colaboradores.
“Esta multinacional recebeu, a propósito do seu funcionamento em Portugal, uma série de fundos públicos durante vários anos. Em 2001, quando deixou de receber esses apoios, a empresa começou, de imediato, a reduzir o número de trabalhadores – só de 2001 a 2004 foram despedidas cerca de 500 pessoas. Entretanto os lucros continuavam sempre a subir”, referia o documento do Partido Ecologista.
Com LUSA